O AVC isquêmico é um transtorno neurológico com alta incidência em seres humanos, e suas consequências podem ser devastadoras. De acordo com dados de 2020, a incidência anual de AVC isquêmico agudo grave no mundo ficou em 270 casos por 100 mil indivíduos, com uma taxa de mortalidade correspondente de 26%.

Uma alternativa terapêutica para tratar esse problema que tem ganhado projeção nos últimos anos é o transplante de células-tronco mesenquimais (MSCs, na sigla em inglês). Essas células multipotentes são capazes de se diferenciar e produzir qualquer tipo de célula necessário num processo de reparação. As MSCs têm demonstrado eficácia em modelos animais, com melhoras comportamentais e histológicas notáveis. Mas os estudos sobre sua aplicabilidade clínica em humanos ainda trazem dados conflitantes.

Um novo trabalho sobre esse tema, realizado por pesquisadores chineses e publicado em janeiro na revista BMC Neurology, busca avançar na questão. Trata-se de uma meta-análise que partiu de um universo de 3.059 artigos científicos identificados sobre transplante de MSCs, chegando por fim a 9 que atenderam a todos os critérios de inclusão definidos na pesquisa. Os estudos analisados totalizaram 316 participantes, com 159 casos em que MSCs foram transplantadas e 147 que serviram como grupo de controle.

Redução significativa

A meta-análise revelou uma redução substancial de problemas neurológicos após o transplante de MSCs na Escala de AVC do National Institutes of Health (NIH Stroke Scale) dos Estados Unidos, o que sugere um efeito benéfico dessas células. Mas no caso de outros índices de avaliação utilizados – a Escala de Barthel e a Escala de Rankin Modificada –, não foram observadas diferenças significativas.
Os autores ressaltam que essa meta-análise tem limitações, como o pequeno número de estudos incluídos e de participantes em cada um desses estudos. Além disso, a dosagem e os métodos de transplante das células-tronco mesenquimais variaram entre os estudos, dificultando uma análise mais detalhada.

Em suas conclusões, os cientistas chineses afirmam que mais pesquisas são necessárias para validar os achados obtidos em relação à NIH Stroke Scale e esclarecer o seu potencial terapêutico. Estudos futuros com amostras maiores e métodos padronizados são essenciais para confirmar esses resultados e estabelecer diretrizes clínicas sólidas.

Confira o estudo “Efficacy and safety of mesenchymal stem cells in patients with acute ischemic stroke: a meta-analysis” na íntegra por este link.