Pesquisadores realizaram revisão em bibliografia para entender o cenário científico frente à relação entre essas ondas e transtornos neuropsiquiátrico
Pesquisadores brasileiros fizeram uma revisão na bibliografia científica para mapear resultados de estudos realizados nos últimos cinco anos sobre as alterações nos padrões das ondas cerebrais de indivíduos acometidos por problemas psiquiátricos e identificar, assim, como essas ondas podem ser monitoradas.
A pesquisa, publicada na mais recente edição da Revista Neurociências, foi motivada pela percepção de que os sinais eletrofisiológicos podem promover melhorias no diagnóstico neuroclínico, ainda que a relação entre esse biomarcador e os transtornos neuropsiquiátricos sejam pouco exploradas. A proposta, portanto, era compreender o potencial de uso das ondas na concepção de diagnósticos a partir de seu exame por meios invasivos e não invasivos.
Para o levantamento, os pesquisadores buscaram artigos sobre o assunto publicados desde 2018 em periódicos de referência na área em português, inglês ou espanhol. Após as etapas pré-avaliativas, foram selecionados e coletadas informações de oito artigos científicos, categorizados conforme o título da pesquisa, identificação de seus autores e ano de publicação, revista científica onde foi publicada, local da pesquisa, amostra, método, tipos de ondas cerebrais estudadas, doença analisada, resultados e conclusão do estudo.
Os dados principais desses trabalhos foram classificados conforme a tabela abaixo:
Durante o processo, os pesquisadores se depararam com alguns desafios, conforme relatam no artigo. “Todas as pesquisas científicas estão suscetíveis a fatores limitantes que podem influenciar nos resultados, mesmo que as etapas experimentais sejam executadas com todo rigor”, justificam os autores no artigo, acerca das limitações da revisão realizada. Entre os fatores limitantes para a comparação dos resultados, eles citam o “uso de uma amostra pequena, a disparidade entre o número de indivíduos que compõem os grupos experimentais e problemas técnicos no equipamento”
Mesmo com a relativa escassez de pesquisas para analisar, o mapeamento permitiu concluir que os sinais eletrofisiológicos representados pelas ondas cerebrais possibilitam uma expressiva melhoria no processo de diagnóstico dos transtornos neuropsiquiátricos. No trabalho, eles destacam diferentes biomarcadores que podem ser observados, segundo essa técnica, para algumas doenças neuropsiquiátricos, conforme a lista a seguir:
Diminuição na amplitude da onda gama no Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
Aumento nas ondas delta, teta, alfa e beta na Depressão;
Diminuição na potência da onda beta e gama na Esquizofrenia;
Uso das medidas EEG para a classificação e escolha do caminho de tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Os autores do estudo também constataram o que consideram como uma lacuna bibliográfica na produção de artigos voltados à relação entre as ondas cerebrais e as doenças neuropsíquicas, principalmente quando a temática é comparada à aplicação desses biomarcadores em outros tipos de doenças. Por isso, segundo eles, os resultados obtidos com esse mapeamento reforçam a necessidade de aprofundamento do assunto e destacam a existência de um espaço ainda aberto para o avanço científico nesta área, sobretudo a partir de abordagens relacionadas à neurociência.
O artigo “Aplicação das ondas cerebrais no contexto da neuropsiquiatria clínica: uma revisão integrativa”, publicado em janeiro de 2023 na Revista Neurociências, tem como autores Camilla de Andrade Tenorio Cavalcanti, Vanessa Ribeiro Leite Celestino, Polliany da Silva Mendonça, Maria Bianca Fialho Amorim, Ana Clara Silva e Silva, Marcelo Duzzioni, Leandro Álvaro de Alcântara Aguiar, Filipe Silveira Duarte e Romildo de Albuquerque Nogueira. O trabalho pode ser acessado na íntegra por meio do DOI: https://doi.org/10.34024/rnc.2023.v31.14359.