Grupo de pesquisadores revisita literatura e constata que as habilidades bimanuais e a destreza de pacientes hemiparéticos são comprometidas dos dois lados do corpo
De acordo com dados revelados pelo portal de Transparência do Registro Civil, em 2022 houve 12 óbitos por hora por acidente vascular cerebral, uma das principais causas de morte do país. No entanto, para os pacientes que resistem ao quadro, sequelas motoras são comuns e esperadas, causando dificuldades para o retorno à normalidade. Pensando nisso, fisioterapeutas da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) publicaram na Revista Neurociências novo levantamento que analisa impactos do AVC na capacidade motora bimanual em hemiparéticos.
Na contramão do que a literatura atual atesta, os pesquisadores obtiveram resultados iniciais que abrem conversa para a possibilidade de que os acidentes vasculares cerebrais, sejam eles isquêmicos ou hemorrágicos, afetam a capacidade bimanual para além do hemicorpo parético.
O estudo contou com a participação de 40 pessoas, sendo 20 delas pacientes em recuperação pós-AVC e as outras 20 pertencentes ao grupo de controle. Todos foram submetidos ao questionário de ABILHAND, que avalia habilidades bimanuais, teste de mobilidade por meio da Escala de Avaliação de Fulg-Meyer, avaliação de força com o Teste de Preensão Manual, e a análise da destreza com o Teste de Caixas e Blocos e o Teste de Argolas de Seis Minutos.
O resultado das informações coletadas demonstrou uma diferença significativa na capacidade de destreza entre o grupo de controle e o grupo estudado, de forma bilateral e não apenas ao avaliar o lado afetado pelo AVC.
“Observamos alteração em ambos os membros superiores, o que evidencia o déficit de destreza bilateral ocasionado pelo AVC. Este fato comprova a necessidade de uma abordagem integral dos membros superiores em indivíduos sobreviventes à AVC, se opondo à literatura que enfatiza o acometimento unilateral”, confirmam os autores do estudo.
Para além das novas descobertas, a pesquisa também reforçou comorbidades já reconhecidas nos quadros de acidente vascular cerebral. Na análise do perfil dos pacientes, 70% deles apresentam hipertensão arterial, 35% Diabetes Mellitus e 30% são ex-tabagistas.
O estudo “Avaliação do desempenho motor bimanual em hemiparéticos”, de autoria de Amanda Schadek Betini Moretti, Bianca Aparecida Campos Cogo, Bruno da Conceição de Menezes, Matheus Santos Oliveira e Natália Zamberlan Ferreira foi publicado neste ano, na Revista Neurociências, um dos periódicos da UNIFESP, e pode ser conferido acessando o DOI: 10.34024/rnc.2023.v31.14649