Método de aprendizado profundo foi usado para prever pacientes com glioblastoma sobreviveriam aos primeiros oito meses após a conclusão da radioterapia

Uma pesquisa publicada na revista Neuro Oncology, em 29 de janeiro de 2024, intitulada “Glioblastoma e radioterapia: um estudo multicêntrico de IA para previsões de sobrevivência por ressonância magnética (estudo GRASP)“, apresenta um avanço significativo no campo do câncer cerebral. 

O estudo, conduzido por pesquisadores do King’s College London, teve como objetivo prever a sobrevivência de pacientes com glioblastoma oito meses após a radioterapia, utilizando aprendizagem profunda aplicada à primeira ressonância magnética cerebral após o término do tratamento.

Foram coletados dados retrospectivos e prospectivos de 206 pacientes com glioblastoma, diagnosticados entre março de 2014 e fevereiro de 2022, em 11 centros do Reino Unido. Os modelos de IA foram treinados em 158 pacientes retrospectivos de três centros, e foram validados em conjuntos de testes retrospectivos e prospectivos.

De acordo com os pesquisadores, uma abordagem inovadora foi utilizada, combinando informações de ressonância magnética cerebral com dados demográficos, tratamento e características moleculares dos pacientes. Os resultados demonstraram que o modelo de IA baseado em imagens de ressonância magnética superou os modelos sem imagem na previsão da sobrevivência do glioblastoma.

Dr. Thomas Booth, leitor de neuroimagem no King’s College London e consultor de neurologia no King’s College Hospital NHS Foundation Trust, em entrevista ao News-Medical.net, explica a motivação do estudo, que envolveu uma questão de pesquisa crítica e clinicamente sintonizada sobre tumores cerebrais agressivos. “O levantamento foi realizado através do aproveitamento da inteligência artificial de ponta. Embora menos comum do que outros cânceres, a devastação do glioblastoma é desproporcional, com uma taxa de sobrevivência de dois anos de 18%” disse.

A pesquisadora PhD do King’s College London, Alysha Chelliah, foi entrevistada pelo News-Medical.net e disse que foi aplicado um aprendizado profundo para prever se os pacientes com glioblastoma sobreviveriam aos primeiros oito meses após a conclusão da radioterapia. “O modelo de IA mostrou desempenho melhorado quando treinado pela primeira vez para detectar nesses pacientes anormalidades em 10.000 ressonâncias magnéticas cerebrais”. 

Ela frisou que tal abordagem destina-se a melhorar a capacidade de identificar pacientes que necessitam de tratamento precoce de segunda linha ou inscrição em ensaios clínicos, em comparação com aqueles que apresentam resposta inicial ao tratamento.

A Dra. Helen Bulbeck, da Instituição de Caridade Brainstrust, destacou a importância deste avanço para os pacientes, pois oferece informações importantes para a tomada de decisões sobre qual tratamento devem optar, podendo até trazer o controle sobre suas vidas . 

Os pesquisadores avaliam que as descobertas do uso da IA para prever a resposta à radioterapia é considerada um passo importante no combate ao glioblastoma.

O estudo irá oferecer uma nova ferramenta para aprimorar o tratamento do câncer cerebral, proporcionando aos médicos informações valiosas para melhorar os resultados dos pacientes.

O estudo completo pode ser acessado neste link.