Com o auxílio do questionário que determina o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), cientistas brasileiros definem preditores de uma noite mal dormida

Pesquisa nacional publicada no periódico Science Direct traçou uma visão transversal sobre a qualidade do sono do brasileiro e constatou maior dificuldade autorrelatada nas noites dormidas por mulheres abaixo dos 55 anos. O estudo, que teve como método o uso do questionário que determina o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), desenvolvido pela universidade de mesmo nome, considera sete fatores que interferem nas noites de descanso. 

Existência de parceiro ou colega de quarto, diagnóstico de insônia, sexo, idade, região geográfica, estado, classe socioeconômica, nível de escolaridade e uso de smartphone/mídia interativa foram os preditores considerados para a análise. Logo, entende-se que, não apenas fatores biológicos determinam a qualidade do sono, mas também elementos externos sociais e ocasionais. 

Dentre os 2.635 participantes (sendo 1.426 do sexo feminino), 1.727 foram classificados como mal dormidores, destacando-se como causa os distúrbios do sono.

Ao analisar os mal dormidores, foi possível determinar que: “As entrevistadas do sexo feminino tiveram chances 7% maiores (IC 95% 4 a 11%) de dormir mal e participantes com menos de 55 anos tiveram mais chance de ter um sono ruim em comparação com o grupo de referência (≥55 anos)”, afirmaram os pesquisadores. 

Além disso, também foi constatada uma relação direta entre a presença de companheiros de quarto e o uso de smartphones e mídias interativas ao sono ruim. “ Análises anteriores mostraram que a presença do companheiro na mesma cama pode influenciar negativamente na qualidade do sono, o que não foi encontrado em nosso estudo. Por exemplo, é concebível que a presença de distúrbios respiratórios do sono, como a apneia obstrutiva do sono, possa influenciar a qualidade do sono dos parceiros de cama. Por outro lado, a qualidade do relacionamento e os comportamentos de sono compartilhados podem influenciar positivamente a qualidade do sono”, destacam. 

O achado de maior prevalência do sono ruim entre a população mais jovem é inédito para o que tem se visto na bibliografia sobre o assunto. Sendo assim, a pesquisa abre precedentes para hipóteses e, consequentemente, estudos adicionais para o entendimento da qualidade do sono, em especial das mulheres mais jovens.

Você já viu aqui no brain::science que, na bibliografia atual sobre a qualidade do sono, se tem conhecimento sobre o fato de que os homens são a maioria no diagnóstico desses distúrbios, mas que não é a primeira vez que mulheres despontam como exemplo de perfil com um sono ruim. Sendo assim, é possível e válido considerar uma possível mudança de padrão no sono dos brasileiros, buscando entender as mudanças dos hábitos de vida da mulher e como eles podem estar relacionados às noites mal dormidas. 

Mais detalhes sobre os índices levantados no estudo “Sleep quality in the Brazilian general population: A cross-sectional study”, de autoria de Luciano F. Drager, Daniela Vianna Pachito, Rogerio Morihisa, Pedro Carvalho, Abner Lobão e Dalva Poyares, acadêmicos da Universidade de São Paulo (USP) e publicado em 2022 no periódico Science Direct, podem ser encontrados acessando o DOI: https://doi.org/10.1016/j.sleepe.2022.100020