Quem foi Sérgio Mascarenhas, patrono e inspirador do Brain::Science

Contribuições recentes do físico, inventor e professor brasileiro revolucionaram a pesquisa sobre o cérebro e abriram portas para novas formas de diagnóstico e tratamento

O físico brasileiro Sérgio Mascarenhas, professor emérito do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), é o patrono e mentor do Brain::Science, veículo de difusão científica criado por um grupo de pesquisadores, empreendedores e jornalistas.

Falecido em maio de 2021, Mascarenhas deixou importantes contribuições à pesquisa sobre o cérebro, que revolucionaram a área e abriram portas para novas formas de diagnóstico e tratamento.

Mistura rara de inventor, cientista, professor e empreendedor, Mascarenhas foi um defensor incansável da ideia e da prática de desenvolver o Brasil por meio da educação e da ciência, tecnologia e inovação, criando, aplicando e disseminando tecnologia para solucionar problemas concretos da sociedade.

Pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e Tecnológico e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Mascarenhas produziu e inspirou dezenas de contribuições tecnológicas de alto impacto, sendo a mais recente um método revolucionário para monitoramento da pressão e da complacência intracraniana, derrubando uma doutrina médica de 200 anos.

Interdisciplinar, sua contribuição intelectual é reconhecida internacionalmente em diversos campos da ciência e tecnologia, sobretudo nas áreas da física médica, engenharia de materiais e instrumentação para agropecuária.

Em suas redes de colaboração figuram os laboratórios da Bell Labs e a RCA, o prestigioso Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, além de centros do mesmo quilate em países como Inglaterra, Alemanha, México e Japão, onde Sérgio inovou usando métodos de dosimetria para medir a radiação a que foram expostas as vítimas da bomba atômica.

Na gênese de suas iniciativas sempre esteve a ideia de aproximar as universidades das empresas e vice-versa, tendo em foco o uso produtivo de novas tecnologias e conferindo à formação de talentos humanos um papel central na engrenagem da inovação.

Ao longo de 70 anos, Mascarenhas criou processos e métodos inovadores, inventou dispositivos, equipamentos e sistemas, ajudou a definir parâmetros de excelência para prestação de serviços essenciais com segurança e precisão, como os de monitoração individual de trabalhadores expostos à radiação ionizante.

Com argumentos poderosos e fala cativante, o “Professor”, como era carinhosamente chamado por todos (de estudantes do ensino básico a ministros de Estado), aproximou cientistas de literatos, pesquisadores de empresários, pensadores de governantes, técnicos de diplomatas, estudantes de investidores, professores de empreendedores, sendo ele próprio uma espécie de amálgama de todas essas personas num só Homo sapiens technologicus e, por isso mesmo, sabedor de como fundir os diferentes aspectos do conhecimento em um programa orientado ao desenvolvimento e ao bem comum.

Contribuições científicas

Sua mais recente contribuição e fonte de inspiração para o lançamento do Brain::Science desafiou um dogma da medicina, a chamada doutrina de Monro-Kellie e, com isso permitiu, pela primeira vez, o monitoramento não invasivo da pressão intracraniana de pacientes, fornecendo a visualização em tempo real para médicos e enfermeiros do gráfico desse sinal vital. Empregado em pesquisas ainda mais recentes, o método revelou, também de modo inédito, as propriedades da relação entre a pressão intracraniana e a pressão arterial. Suas aplicações abrangem neurocirurgia, traumatologia, cardiologia, entre outras áreas.

Com esse trabalho e então já quase octogenário, Mascarenhas fundou a brain4care. O sistema não invasivo de monitoramento da pressão intracraniana teve sua tecnologia aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA), nos Estados Unidos, e já está em uso clínico em 17 hospitais no Brasil, incluindo Albert Einstein, Sírio-Libanês e Beneficiência Portuguesa, em São Paulo, o complexo do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, e para fins de pesquisa em entidades de ponta no exterior, como Cleveland Clinic (EUA) e o centro médico da Universidade Johns Hopkins (EUA), numa lista que cresce a cada dia.

Mais de 40 anos antes, no início da década de 1970, ele já havia criado um método para consolidação de fraturas ósseas com correntes elétricas, um método de datação arqueológica por ressonância eletrônica paramagnética, além de ter desenvolvido um bisturi criogênico, tecnologia até então inexistente no país, abrindo uma frente de colaboração em pesquisa com hospitais e escolas de medicina que se multiplicaria ao longo dos anos e das décadas seguintes, em diversas áreas de especialidade médica.

Ao longo dos anos, os trabalhos de Mascarenhas com física médica também envolveram aplicações de eletretos na área de cardiologia, por meio de pesquisas realizadas no início dos anos 1980 em parceria com o médico e ex-ministro da Saúde Adib Jatene, por meio do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo.


Ainda nos anos 70, Mascarenhas desenvolveu uma série de pesquisas e contribuições tecnológicas com o estudo de bioeletretos, que resultaram, por exemplo, nos trabalhos realizados em parceria com o seu então aluno de mestrado José Nelson Onuchic, cuja dissertação tratava de “investigações em biofísica da água”.

Nessa época, Mascarenhas estava interessado em pesquisar a molécula da água por influência do físico Linus Pauling e acreditava que a água funcionaria como um bioeletreto. O estudo atraiu a atenção dos físicos Michael Kasha e John Hopfield, abrindo as portas para que Onuchic fizesse seu doutorado no Caltech (EUA), o que seria o início de uma brilhante e premiada carreira internacional do ex-aluno de Mascarenhas.

O trabalho com bioeletretos também levou Mascarenhas a colaborar com Lars Onsager, professor da Universidade de Yale e vencedor do prêmio Nobel de Química em 1968, de quem foi coautor em uma publicação de impacto, em 1978, sobre o efeito de carregamento elétrico do gelo amorfo, que está presente nas nuvens. Essa descoberta se aplica, por exemplo, no estudo de raios e de outras atividades elétricas na atmosfera, de importância crucial para o entendimento do clima e seus efeitos sobre o agronegócio, o que levou Mascarenhas a idealizar uma espécie de “laboratório de física das nuvens”, um sonho científico e tecnológico ainda não realizado no Brasil.

Em 1979, suas pesquisas com métodos de dosimetria de radiações também foram objeto de importantes colaborações científicas de Mascarenhas com pesquisadores no Japão, onde foi professor visitante no instituto Riken, tendo publicado trabalhos sobre a mensuração das doses de radiação recebidas em ossos de vítimas das bombas atômicas lançada sobre Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra.

Outros trabalhos com dosimetria termoluminescente de radiações ionizantes (tecnologia conhecida pela sigla TLD, do inglês thermoluminescence dosimetry) também resultaram na criação de um dos primeiros serviços de monitoração de doses de radiação sobre indivíduos ocupacionalmente expostos, com a criação da Sapra Landauer – Serviço de Assessoria e Proteção Radiológica, empresa hoje dirigida por dois de seus filhos, os também físicos Paulo e Yvone Mascarenhas, inaugurando a proteção radiológica em larga escala no país.

Como gestor, Mascarenhas ainda idealizou, criou e dirigiu instituições como o Instituto de Física e Química da USP em São Carlos e o Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária (CNPDIA) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), unidade hoje renomeada como Embrapa Instrumentação, onde desenvolveu, junto com o seu ex-aluno de doutorado Silvio Crestana, um sistema de tomografia de solo pioneiro no mundo.

Em 1983 e 1984, Mascarenhas contribuiu de modo decisivo para a criação da Fundação Adib Jatene, ligada ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC) e voltada especialmente à área de bioengenharia, o que viabilizou uma série de ações de fomento à pesquisa e a criação de dezenas de produtos, tecnologias e serviços aplicados na medicina.

Outra importante atuação de Sergio no exterior e que teve impacto de formação de recursos humanos no Brasil foi sua atuação como diretor dos cursos de física médica e biofísica no I o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP), em Trieste (Itália), entre 1981 e 1993, a convite do físico paquistanês Abdus Salam, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1979, com quem Mascarenhas articulou a criação da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS, na sigla em inglês), hoje renomeada como Academia de Ciências do Mundo, com sede em Trieste (Itália).

Já aposentado da USP, embora nunca distante das empresas e centros tecnológicos, também atuou, na década de 1990, como consultor de indústrias do ramo de papel e celulose, como a Suzano, ajudou a criar programas de pesquisa e ensino aplicado em universidades e atuou na formulação de políticas públicas na área de ciência e tecnologia, em parceria com órgãos dos governos federal, em Brasília, e estadual, em São Paulo.

Após voltar de um período como fellow do Institute for Advanced Study de Princeton, Mascarenhas ainda fundaria, na década de 1990, o Instituto de Estudos Avançados de São Carlos, da USP, e nele o Programa Internacional de Estudos e Projetos para a América Latina (Piepal), com apoio da Ford Foundation, além de ter criado, também a partir do instituto, a Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (Ripa), com recursos federais e apoio direto dos Ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia, através do Fundo Setorial do Agronegócio.

Mais tarde, Mascarenhas desenvolveu um projeto para a criação de uma rede de pesquisa e de um curso universitário de Engenharia de Sistemas Complexos, ainda inexistente no Brasil, conforme explicou à Agência Fapesp, tendo como núcleo articular um grupo de estudos sobre o tema e abrigado no referido Instituto de Estudos Avançados.

Ao longo de sua trajetória, Mascarenhas recebeu dezenas de homenagens, prêmios e condecorações no Brasil, nos Estados Unidos, México e Japão, por contribuições prestadas à engenharia, à física, à ciência dos materiais, incluindo o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, grau honorífico concedido pela Presidência da República, em 2002, e o prêmio Prêmio Fundação Conrado Wessel na categoria de Ciências, em 2006. Mas como ele próprio dizia: “um prêmio não deve ser visto apenas como uma honraria, mas também como oportunidade de levar mais ciência e tecnologia para o Brasil e inspirar nossos jovens”.

Mestre de várias gerações

Como professor e mestre de várias gerações, dedicou-se desde cedo e ao longo de toda a carreira ao ensino de física. Orientou teses e dissertações. Foi professor visitante em diversas universidades dos Estados Unidos (Carnegie Tech, em Pittsburgh, Princeton University e Institute for Advanced Study, em Princeton, e Harvard e MIT em Cambridge, Massachusetts), México (Universidad Nacional Autónoma e Centro de Estudios Avanzados), Japão (Riken, em Wakõ), Reino Unido (London University, em Londres) e Itália (Universidade de Roma, Universidade de Sassari e o Centro Internacional Abdus Salam de Física Teórica, em Trieste).

Nas universidades, empresas, centros de pesquisa e outras entidades em que atuou, Mascarenhas formou e agregou talentos hoje mundialmente reconhecidos, premiados e influentes, entre eles o ex-ministro da Ciência e Tecnologia do Brasil Sérgio Rezende, o ex-presidente da Embrapa Silvio Crestana e a ex-diretora da Ford Foundation Joan Dassin, entre outros.

Assim como alguns de seus destacados colegas, Mascarenhas também militou nas mais importantes sociedades de ciência e tecnologia no país. Foi vice-presidente da SBPC, além de membro e dirigente de diversas outras associações, incluindo a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP).

Numa entrevista concedida em 2020 ao portal G1, Mascarenhas ressaltou a importância da tecnologia para o desenvolvimento nacional, e se mostrou, mais do que nunca, preocupado com o setor: “Se o Brasil não for pelo caminho da ciência, da computação, da inteligência artificial, da robótica, nanotecnologia, vai ficar cada vez mais colonizado pela tecnologia alheia […] O caminho para o desenvolvimento passa pela tecnologia, educação e empreendedorismo”.

Imbuído dessa convicção, Mascarenhas transitava com desenvoltura e naturalidade entre gabinetes, laboratórios, chão de fábrica, salas de aula e hospitais, sempre ajudando a encontrar ou a aprimorar uma solução, vencer um desafio, gerar valor a partir da aplicação do conhecimento.

Essa sua característica — que é na verdade uma filosofia de vida e obra — está sintetizada num modelo consagrado a partir do chamado “Triângulo de Sábato” (em referência ao físico argentino Jorge Alberto Sábato), tendo por vértices a ciência, a indústria e os governos, compreendidos como elementos construtores de uma política de desenvolvimento tecnológico ainda a ser perseguida na maioria dos países da América Latina. A esse modelo já amplamente difundido, Mascarenhas incorporou um quarto vértice, o da gestão e planejamento estratégico, formando um tetraedro, com a tecnologia ao centro.

Como poucos, o professor Sérgio Mascarenhas foi capaz de unir ciência e cultura, espírito criativo e ímpeto empreendedor, fascínio intelectual e realização prática, sempre com entusiasmo vibrante e determinação incansável.

Linha do tempo

1928


Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro, década de 1930. (Foto: Julio Ferrez/Arquivo Nacional)

Nascimento, no Rio de Janeiro, Brasil.

1947


Prédio da UERJ. (Foto: WikiMedia)

Começa o curso de química na então Universidade do Brasil, atual UFRJ, no Rio. No ano seguinte, estimulado por um professor, entra também no curso de física, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

1951-52


Anísio Teixeira. (Foto: Acervo Instituto Anísio Teixiera)

Forma-se e começa a trabalhar com Anísio Teixeira, criador do Ministério da Educação, e com o físico e professor Costa Ribeiro, com bolsa do CNPq. Pesquisa o fenômeno termodielétrico, hoje conhecido como “efeito Costa Ribeiro”.

1954


Yvonne e Sérgio Mascarenhas . (Foto: Acervo Pessoal)

É convidado pelo professor Teodureto Souto, então diretor da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, para lecionar e pesquisar física com uma proposta inovadora, estabelecendo um foco prioritário em pesquisa aplicada e em estreita relação com o ensino de engenharias, cargo que assume ao lado de sua primeira esposa, Yvonne.

1956


Fachada Escola de Engenharia de São Carlos EESCP-USP. (Foto: USP/Divulgação)

Assume a cátedra de física na EESC-USP e dedica-se à física do estado sólido, área que depois passaria a chamar-se física da matéria condensada. Pesquisa o efeito termodielétrico em materiais como o naftaleno e o antraceno, além de medidas de eletrotermo-condutividade, o que o leva ao estudo de eletretos e suas aplicações práticas, como em microfones.

1957


Sílvio, Donald Channin, Tadeu, J. Nelson, Bel, Heloísa, Sanches – Biofísica Molecular, 1978 (Foto: Acervo Pessoal)

Apresenta tese de livre-docência sobre o efeito termodielétrico, o primeiro concurso de cátedra na EESC, e consolida um grupo de pesquisa dedicado à física do estado sólido.

1959

(Foto: WikiMedia)

Com bolsa de pesquisa da Fundação Fulbright, inicia intercâmbio internacional no Carnegie Tech, em Pittsburgh, Pensilvânia, junto com Yvonne, que pesquisa cristalografia estrutural por meio de difração de raio-X para o estudo de propriedades dos materiais, com aplicações em metalurgia, mineralogia e química orgânica, inorgânica e bioquímica.

1960

É convidado a coordenar um programa da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a promoção da ciência física em diversos países da América Latina.

1963

Prédio da Ford Foundation. (Foto: WikiMedia)

Recebe apoio da Ford Foundation para manter um acordo de cooperação técnica com universidades do Brasil através do CNPq. Suas pesquisas tornam-se ainda mais interdisciplinares, aproximando-se cada vez mais do estudo de novos materiais.

1965

Sérgio (segundo à direita) e o grupo de físicos de São Carlos com Roman Smolushowsky (Foto: Acervo Pessoal)

Realiza pesquisas com com cristais iônicos na Universidade de Princeton e trabalha para sedimentar a colaboração internacional de seu grupo de física, publicando em revistas científicas de forte impacto em parceria com Roman Smolushowsky. Nessa época também teve início uma forte colaboração com os laboratórios da RCA.

1966

Participa da criação da Sociedade Brasileira de Física (SBF), sendo eleito como membro de seu primeiro conselho diretor.

1968


Lars Onsager. (Foto: WikiMedia)

Começa a idealizar, com colegas e colaboradores, um curso para estudo de novos materiais para o estudo de novos materiais, como fibras de carbono, materiais cerâmicos e poliméricos e ligas projetadas para resistir a situações extremas, com aplicação na siderurgia, aviação e na indústria de transformação em geral. Obtém apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Trabalha com Lars Onsager, vencedor do prêmio Nobel de Química, em termodinâmica dos processos irreversíveis.

1969


1º Encontro Nacional de Física do Estado Sólido e Ciência dos Materiais. (Foto: Acervo Pessoal)

Sérgio recebe bolsa da Fundação Guggenheim. Em Princeton, conhece o físico paquistanês Abdus Salam, que receberia o prêmio Nobel de Física em 1979. O grupo de São Carlos organiza o primeiro Encontro de Físicos do Estado Sólido no país.

1970

Fachada do Departamento de Materiais EESC-USP. (Foto: USP/Divulgação)

É nomeado reitor pro-tempore da Universidade Federal de São Carlos, que havia ajudado a criar e onde implantou o curso de Engenharia dos Materiais, primeiro da América Latina.

1971

Warwick Kerr. (Foto: Acervo SBPC)

É eleito vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na chapa encabeçado pelo geneticista Warwick Kerr. Desmembra-se da EESC o Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC).

1971

Concurso de Titular do Prof. Lobo: Ragusa, Milton, Lobo, Sérgio, Roland, Yvonne, Sílvio, N. Onuchic, S. Rezende, Rogério Trajano, Moyses Nusseznveig, Edson Rodrigues (década de 1960). (Foto: Acervo Pessoal)

Por influência de Mascarenhas, é formado um grupo de física na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a partir do trabalho nucleador de Sérgio Rezende, ex-ministro da Ciência e Tecnologia do Brasil e então recém-chegado de um doutorado no MIT, que foi convencido por Mascarenhas da importância do desenvolvimento dessa área no Nordeste.

1972

A primeira imagem do lado direito, destaque de uma mandíbula que pertencia a uma vítima do bombardeio atômico de Hiroshima e que havia absorvido 9,46 grays de radiação. Metade disso é suficiente para matar uma pessoa. (Public Library of Science, reprodução de reportagem do jornal The Washignton Post)

No Japão, realiza pesquisas de dosimetria de radiações em parceria com o Atom bomb center em Hiroshima e com a Hiroshima University.

1973


Sir Thomas Blundell. (Foto: WikiMedia)

Desenvolve pesquisas sobre interação entre moléculas de água e proteínas no Birkbeck College, na Universidade de Londres, com Sir Thomas Blundell.

1975


Max Feffer. (Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo)

Atua como assessor especial do então Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Max Feffer.

1979


Sérgio com os filhos Paulo, Yvone, Helena e Sérgio Roberto e John Robert Cameron, pesquisador norte-americano que contribuiu diretamente para a criação da Sapra Landauer. (Foto: Acervo Pessoal)

A partir do acúmulo de conhecimento científico e tecnológico em proteção radiológica obtido com pesquisas sobre métodos de dosimetria, e com apoio do pesquisador norte-americano John Robert Cameron, da Universidade de Wisconsin, cria a Sapra, empresa pioneira no Brasil, mais tarde renomeada Sapra Landauer a partir de joint-venture com a maior empresa do mundo nesse setor.

1979

Birkbeck College, Universidade de Londres. (Foto: WikiMedia)

Mascarenhas vai como pesquisador visitante para o Birkbeck College University of London. O objetivo foi trabalhar na área da saúde por meio da biofísica molecular com modelagem e bioinformática.

1980


(Ilustração: brgfx/Freepik)

Estuda problemas de trombose intravascular causada por mecanismos eletroquímicos decorrentes de implantes cardiovasculares e constata que uma superfície eletricamente carregada em contato com o sangue pode modificar o mecanismo e impedir a formação de trombos, dando origem a próteses com materiais condutores e semicondutores.

1981

É convidado por Abdus Salam para integrar o comitê de planejamento do ICTP - Centro Internacional de Física Teórica, na cidade de Trieste, na Itália, onde atuou por doze anos como diretor de física médica e biofísica molecular na promoção e desenvolvimento de áreas como biofísica, física médica e física dos solos.

1982


Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Prédio Central no Campus da USP. (Foto: WikiMedia)

Desenvolvimento do bisturi criogênico, que resultou em protótipo da Inbracrios, empresa de base tecnológica em biofísica que Sérgio ajudou a criar, em parceria com a Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e com físicos de São Carlos.

1983

(Foto: Acervo Pessoal)

Participa ativamente da criação da TWAS (Academia de Ciência dos Países em Desenvolvimento), pioneira no objetivo de associar diferentes sociedades científicas e governos dos países em desenvolvimento. Viaja à China com Abdus Salam, onde encontra o ministro da Ciência e Tecnologia e o presidente da Academia de Ciências daquele país.

1984


Criação da Fundação Adib Jatene, em 2 de julho de 1984. Seus instituidores na própria sede do IDPC (gestão de Eduardo Sousa). Eduardo de Sousa no centro, 1ª fila, tendo, à direita, Anita Pazzanese e Adib Jatene; à esquerda, Michel Batlouni, Amaury Lerro, Valmir Fontes e Helio Magalhães. Na 2ª fila, no centro, Luiz Carlos Bento de Souza e Leopoldo Piegas. (Foto: Acervo Pessoal)

Ajuda a criar a Fundação Adib Jatene, com quem desenvolveu vários trabalhos em física médica com as técnicas de eletretos. Cria a Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos, com corpo técnico qualificado e multidisciplinar de pesquisadores em física, química, engenharias elétrica, eletrônica, mecânica, materiais, agronomia e farmácia, considerado um dos principais centros de excelência em instrumentação agropecuária.

1985


Sílvio Crestana. (Foto: Alan Santos/PR)

Aplica tomografia computadorizada como um novo método para estudos da física da água no solo, com orientação de tese de doutorado de Silvio Crestana, futuro presidente da Embrapa.

1996

Sérgio expondo sobre um dos seus primeiros financiamentos. (Foto: Acervo Pessoal)

Articula, com a Ford Foundation, apoio financeiro internacional ao Programa de Inovação e Estudos para a América Latina (Piepal), que passa a ser gerido por Sérgio por meio do Polo São Carlos do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

1997

(Foto: Guia de Centros e Museus de Ciências da América Latina e do Caribe/Reprodução )

Cria, junto com Yvonne, um programa de ensino e divulgação científica para uma rede de Centros e Museus de Ciências na América Latina em parceria com a Estação Ciência de São Paulo, dirigida por Ernesto Hamburger e Silvério Crestana.

2006

Sérgio Mascarenhas desenvolvendo testes para a brain4care. (Foto: brain4care/Reprodução )

Após um ano convivendo com uma suspeita de Mal de Parkinson, é diagnosticado com hidrocefalia de pressão normal e é submetido a uma cirurgia para implantar uma válvula no cérebro. O processo invasivo o motivou a investigar uma forma inovadora de medir e monitorar a pressão intracraniana.

2008

Cria um grupo de trabalho em Sistemas Complexos e organiza a Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (RIPA) com apoio da FINEP e CNPq, como parte de uma estratégia de inovação na agricultura no Brasil, o que leva à constituição da Rede Nanobiotec-Brasil com apoio da Capes.

2010

Organiza o Primeiro Congresso Internacional em Bionanotecnologia, na cidade de Águas de São Pedro (SP), com apoio da FAO, agência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

2012

Sergio Mascarenhas. (Foto: Acervo Pessoal)

Renova seu interesse por física médica, com uso de novas técnicas de imagem, nanotecnologia aplicada à saúde, telemedicina e inteligência artificial na saúde. Experiências coordenadas por Sérgio e apresentadas em congresso em Tübigen, na Alemanha, comprovam que é possível utilizar a deformação da caixa craniana como monitor da pressão intracraniana.

2014

Sensor desenvolvido pela brain4care. (Foto: brain4care/Divulgação)

Fundação da brain4care, empresa de tecnologia para a saúde que, a partir do trabalho de Mascarenhas, desenvolve um sensor não-invasivo e um sistema que utiliza a expansão da caixa craniana para monitorar a PIC em tempo real.

2017

A empresa fica entre as finalistas no Global Grand Challenge, da Singularity University, no Vale do Silício, um torneio que aponta as empresas de tecnologia para o impacto social mais promissoras do mundo.

2018

(Foto: brain4care/Divulgação)

A tecnologia da brain4care tem patentes concedidas na Europa e nos Estados Unidos, abrindo caminhos para o lançamento global da marca.

2019

A brain4care obtém certificação da Anvisa, no Brasil, e da Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, para liberação de uso comercial do sensor sem fio para monitoramento não invasivo da pressão intracraniana, com seu subsequente lançamento comercial.

2020


(Foto: IFSC USP)

Sérgio Mascarenhas, em distanciamento social, pensa e planeja como usar tecnologia e conhecimento para proteger esta e as próximas gerações desta e de outras pandemias.

2021

Sergio Mascarenhas (Foto: Acervo Pessoal)

O professor Sérgio Mascarenhas faleceu em maio de 2021, em Ribeirão Preto, após uma parada cardiorrespiratória, aos 93 anos.