Criador da tese do equilíbrio da circulação humana, fisiologista italiano é precursor dos exames de ressonância magnética funcional e de tomografia por emissão de pósitrons

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Pesquisador do sistema circulatório humano, o fisiologista italiano Angelo Mosso (30/05/1846 – 24/11/1910) é um dos pais da chamada neuroimagem do cérebro. Também conhecida como imagiologia, esta área do conhecimento se propõe a produzir imagens da estrutura, função ou farmacologia do sistema nervoso humano.

Cientista multifacetado, Mosso estudou medicina em Turim, sua cidade natal. A partir de 1876, em Florença, foi aluno de Moritz Schiff; em Leipzig, de Carl Ludwig; e em Paris, de Claude Bernard. Em 1879, retornou a Turim como professor de fisiologia. Ao longo de sua vida, o cientista do cérebro mesclou conhecimentos de medicina e de fisiologia às habilidades de carpinteiro aprendidas com seu pai — e essa interação o credenciou a projetar e construir diversos equipamentos para seus experimentos. 

As publicações de Mosso mais conhecidas são “La paura” [O medo] (1884), “La fatica” [O cansaço] (1891), “La fisiologia dell’uomo sulle Alpi” [A fisiologia do Homem nos Alpes] (1897) e “Mens sana in corpore sano” [Mente sã em corpo são] (1903). Em 1897, ele foi eleito membro da Real Academia Sueca de Ciências e morreu aos 64 anos, de diabetes.

Legado

A hipótese científica do “equilíbrio da circulação humana” é o principal legado de Mosso à ciência. Essa teoria propõe medir de forma não invasiva a redistribuição de sangue durante a atividade emocional e intelectual. Para comprovar a tese, criou um equipamento composto por uma mesa delicadamente equilibrada que poderia inclinar para baixo tanto na cabeça quanto nos pés se o peso de qualquer uma das extremidades fosse aumentado. 

Recentemente revisitada, a tese do “equilíbrio da circulação humana”, é considerada a primeira técnica de neuroimagem criada, sendo o embrião dos atuais exames de ressonância magnética funcional e de tomografia por emissão de pósitrons.

No final da década de 1870, Mosso lançou a hipótese de que uma tarefa atencional ou cognitiva poderia aumentar localmente o fluxo sanguíneo cerebral. Para por à prova a tese, registrou a pulsação do córtex cerebral em pacientes com defeitos cranianos após procedimentos neurocirúrgicos. Descobriu que as pulsações mudam durante a atividade mental, inferindo que durante as atividades mentais, o fluxo sanguíneo aumenta para o cérebro.

“Método Mosso”

A inovação de medir as pulsações foi batizada de “método Mosso”. Essa técnica ajudou a medir as variações do fluxo sanguíneo e quantificar a magnitude das alterações do volume do órgão, convertendo a pulsação cerebral em ondas.

Por meio do método, Mosso foi capaz de medir as mudanças no volume sanguíneo cerebral que ocorreram subsequentemente a tarefas cognitivas, como realizar cálculos matemáticos em pacientes que sofriam de uma ampla ruptura frontal do crânio. 

Essas observações levaram Mosso a concluir que as alterações no fluxo sanguíneo para o cérebro eram determinadas por mudanças funcionais. Havia, no entanto, a limitação da época do fato de o “método Mosso” somente ser aplicável a pacientes com fissuras no crânio e não podia ser usado para avaliar as variações do fluxo cerebral em indivíduos saudáveis. 

Fontes

Wikipedia / Angelo Mosso
Wikipedia / Neuroimaging
Oxford Academic
Oxford University Press