Médico britânico deu importante contribuição ao estudo das doenças mentais; no fim da vida também aprimorou a Doutrina Monro-Kellie, relativa à pressão intracraniana (PIC)
Um dos precursores no estudo da insanidade humana, o médico britânico George Burrows (06/05/1771-29/10/1846) nasceu na vila de Chalk, perto de Gravesend. Foi aprendiz de um farmacêutico em Rochester, e completou sua educação médica nos hospitais Guy’s e St. Thomas. Depois de se qualificar no College of Surgeons and Apothecaries Hall, ele ingressou na clínica geral em Londres.
Com especial interesse em melhorar a educação e também o status legal e jurídico da profissão médica, Burrows organizou a Associação de Cirurgiões-Boticários da Inglaterra e do País de Gales. Como presidente deste órgão, dedicou-se com afinco e teve grande participação no movimento que levou à aprovação da Lei dos Boticários em 1815.
Em 1815, decidiu dedicar-se inteiramente aos doentes mentais. Assumiu a direção de um pequeno asilo particular em Chelsea, trocando-o em 1823 pelo ‘Retiro’ de Clapham, centro médico onde trabalhou até 1843.
Experiência internacional
Entre 1817 e 1822, Burrows visitou os estabelecimentos parisienses com pacientes psiquiátricos e aprofundou estudos nos trabalhos da escola francesa sobre a insanidade. Na Grã-Bretanha, foi o primeiro a divulgar as teorias de Bayle e de Calmeil sobre a paralisia geral dos alienados.
Escreveu, em 1819, um dos tratados de psiquiatria mais completos da época: “Observações superficiais sobre a regulamentação legislativa dos insanos”. No ano seguinte, lançou “Uma investigação sobre certos erros relativos à insanidade e suas consequências físicas, morais e civis”, e em 1828, editou a obra mais relevante sobre a loucura publicada até então, “Comentários sobre as causas, formas, sintomas e tratamento moral e médico da insanidade”.
Componente craniano
Em 1846, mesmo ano de sua morte, Burrows deu outra contribuição à medicina: questionou o conceito do volume sanguíneo fixo, até então um dos pilares da Doutrina Monro-Kellie. Relativa à pressão intracraniana (PIC), essa hipótese científica foi formulada em 1783 pelos cirurgiões escoceses Alexander Monro e seu discípulo George Kellie, e revista somente no século 21.
O conceito original da Doutrina Monro-Kellie sugeria que a cavidade craniana saudável de um adulto é rígida e mantém equilíbrio de volume constante, sendo o cérebro quase incompressível. Assim, qualquer aumento na massa de um constituinte craniano formado por sangue (10%), líquor (10%) e tecido cerebral (80%), é compensado por uma diminuição no volume de outro.
Após vários experimentos com animais, Burrows apurou existir uma relação de reciprocidade entre o volume de sangue intracraniano e o volume de líquor, sendo que o aumento de um levava a redução de outros. Assim, o componente líquor passou a ser considerado na Doutrina Monro-Kellie, que passou a ser chamada por alguns autores como Monro-Kellie-Burrows.
Fontes