Um dos grandes pesquisadores do Brasil, com seu trabalho científico na área de neurociência. Coordenador e pesquisador do Centro de Memória, embasou as pesquisas da doença de Alzheimer no InsCer
Iván Antonio Izquierdo nasceu em Buenos Aires, no dia 16 de setembro de 1937. Filho mais velho de pai argentino e de mãe croata, influenciado por um tio médico, graduou-se em Medicina em 1961, na Universidade de Buenos Aires (UBA).
Por uma década, trabalhou como professor na Universidade Nacional de Córdoba (UNC), na Argentina, mas, devido a motivos políticos e pessoais, decidiu se mudar para o Brasil no começo da década de 1970, naturalizando-se brasileiro em 1981.
Dedicou-se mais de 60 anos à neurociência e publicou cerca de 700 artigos em periódicos científicos, com quase 23 mil citações. Considerado um dos maiores pesquisadores do mundo na área de fisiologia da memória, o neurocientista recebeu mais de 60 prêmios e distinções nacionais e internacionais. Também é o pesquisador com o maior número de citações acadêmicas da América Latina.
Marcos na memória
Izquierdo trouxe inúmeras contribuições originais para a compreensão das bases celulares do armazenamento e da evocação da memória. Concentrou-se nos mecanismos biológicos dos processos mnemônicos e utilizou abordagens experimentais que vão desde a psicobiologia comportamental e a neuroquímica, passando por farmacologia e neurofisiologia, até a neurologia experimental.
Foi responsável pela descoberta dos principais mecanismos bioquímicos da memória em várias estruturas cerebrais, entre elas, o fenômeno conhecido como dependência de estado endógena e a separação funcional entre as memórias de curta e longa duração.
Também carrega na bagagem o marco de ser um dos primeiros pesquisadores a mostrar o papel fisiológico-comportamental da adrenalina, dopamina, dos peptídeos opióides endógenos e da acetilcolina na modulação da consolidação da memória e da evocação da memória dependente de estado. Mais tarde, investigou a influência dos benzodiazepínicos e do sistema GABAérgico sobre a memória.
Entre as principais contribuições, também incluem-se as bases moleculares da formação, evocação, persistência e extinção da memória no encéfalo dos mamíferos.
Imigração
No Brasil por mais de vinte anos, Izquierdo dirigiu o Centro de Memória do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde formou mais de quarenta doutores ao longo dos anos.
Foi membro da Academia Brasileira de Ciências e da National Academy of Sciences (EUA), além de membro do Comitê Editorial de mais de 30 revistas internacionais. Orientou mais de 100 teses e dissertações. Suas linhas de pesquisa concentravam-se em mecanismos da memória e neurofarmacologia da memória.
Em 2018 recebeu o Prêmio Internacional Unesco-Guiné Equatorial para Pesquisa em Ciências da Vida. O reconhecimento, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foi obtido por elucidar os mecanismos de processos de memória, levando a uma melhoria da qualidade de vida humana.
Izquierdo foi a oitava personalidade, desde 1821, a ser nomeado Professor Honorário da Universidade de Buenos Aires, sendo que todos os outros foram laureados com o prêmio Nobel.
Após aposentar-se, transferiu-se para a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde fundou o Centro de Memória do Instituto do Cérebro (InsCer) daquela Universidade, e continuou a desenvolver suas pesquisas sobre alzheimer, entre outros temas, e a formar novos cientistas.
Falecimento
Izquierdo morreu em 9 de fevereiro de 2021, em Porto Alegre, aos 84 anos de idade, em decorrência de pneumonia.
Fontes de pesquisa e imagem