Considerado o maior neurocirurgião do século 20, médico inovou em cirurgias cerebrais e diminuiu drasticamente a mortalidade

Edmund Charles Tarbell (1862–1938). (Imagem: Domínio Público)

Nascido em Cleveland, nos Estados Unidos, Harvey Williams Cushing (08/04/1869 – 07/10/1939) é considerado o pai da neurocirurgia moderna. Ele foi o responsável por descobrir a Doença de Cushing — batizada com seu nome — e caracterizada pelo mau funcionamento da hipófise e produção excessiva de corticosteróides.

Filho caçula de pai médico, Cushing obteve diploma de Bachelor of Arts em 1891 na Universidade de Yale. Depois, estudou medicina na Harvard Medical School, onde se formou em 1895. Fez estágio no Massachusetts General Hospital e, em seguida, residência em cirurgia no Hospital Johns Hopkins em Baltimore, onde aos 32 anos foi nomeado professor associado de cirurgia e responsável pelos casos de cirurgia do sistema nervoso central.

Inovações

Já considerado na época um dos mais importantes pesquisadores do cérebro, Cushing desenvolveu muitas técnicas cirúrgicas básicas para operações nessa parte do corpo humano. Desse modo, elevou a neurocirurgia ao nível de especialização médica nova e autônoma. Também criou em 1910 um clipe de fio de prata para controlar hemorragias do couro cabeludo durante a cirurgia e fez melhorias em materiais usados para acessar a caixa craniana.

Em 1911, em Boston, Cushing recebeu o título de cirurgião-chefe do Hospital Peter Bent Brigham — e a partir de 1912, se tornou professor de cirurgia na Harvard Medical School. Em 1914, foi eleito membro da Academia Americana de Artes e Ciências. No ano seguinte, antes do Congresso Clínico de Cirurgiões em Boston, demonstrou a possibilidade de influenciar a estatura operando a glândula pituitária. Em 1924, recebeu o Prêmio Cameron de Terapêutica da Universidade de Edimburgo.

Campo de provas

Cushing foi nomeado major no Corpo Médico do Exército dos EUA em 1917. Na Primeira Guerra Mundial, dirigiu o hospital de base dos EUA ligado à Força Expedicionária Britânica na França. Serviu também como chefe em uma unidade cirúrgica de um hospital militar francês nos arredores de Paris, onde testou eletroímãs para tentar extrair fragmentos de estilhaços metálicos alojados no cérebro dos feridos em combate.

Em junho de 1918, foi promovido a tenente-coronel e designado consultor sênior em cirurgia neurológica para as Forças Expedicionárias Americanas na Europa. Alcançou o posto de coronel em 1918. Nessa posição, tratou do tenente Edward Revere Osler, mortalmente ferido durante a terceira batalha de Ypres. O tenente Osler era filho do médico canadense Sir William Osler, amigo de Cushing e um dos ícones da medicina moderna.

Em reconhecimento ao seu serviço durante a guerra, Cushing foi homenageado como Companheiro do Banho pelo governo britânico. Em 1923, foi agraciado com a Medalha de Serviço Distinto do Exército dos EUA. Morreu aos 70 anos, em New Haven, Connecticut, de oclusão coronariana.

Legado

Neurocirurgião, patologista, escritor e desenhista, Cushing redigiu inúmeras monografias sobre cirurgia do cérebro e da coluna vertebral e deu contribuições importantes na área de bacteriologia. Com outros colegas, estudou a pressão intracraniana (PIC) e em outro trabalho, contribuiu para a localização dos centros cerebrais. Em Baltimore, desenvolveu o método de operar com anestesia local, e seu artigo sobre seu uso em hérnias assegurou-lhe reconhecimentos de seus pares europeus.

Pioneiro da cirurgia cerebral, o neurocirurgião também inovou em técnicas para operações do sistema nervoso, como anestésico local, torniquete, monitoramento da pressão cardíaca e do nível de oxigênio. Antes de Cushing, o sangramento era o maior problema apresentado pela cirurgia cerebral. Mesmo os cirurgiões mais qualificados tinham taxas de mortalidade de 50% durante a cirurgia intracraniana. Graças aos avanços por ele introduzidos, como hemostasia rígida, assepsia, eletrocoagulação e outros procedimentos, a mortalidade caiu para 10%.

Também foi pioneiro em usar radiografias para diagnosticar tumores cerebrais e a estimular eletricamente o córtex sensorial de um ser humano. Cushing escreveu mais de 300 artigos científicos e 13 livros abordando suas teorias médicas. Em 1926, recebeu o Prêmio Pulitzer pela produção da biografia de seu amigo Sir William Osler.

O Reflexo de Cushing

O chamado Reflexo de Cushing também faz menção ao nome do neurocirurgião. Em 1901, ele descreveu essa lesão como sendo uma resposta fisiológica do sistema nervoso ao aumento da PIC, como resultante do aumento da pressão arterial, respiração irregular e redução da frequência cardíaca. É causado pelo aumento da pressão dentro do crânio e pode indicar isquemia (fluxo sanguíneo insuficiente pro cérebro), bem como compressão das arteríolas. Sempre que ocorre um reflexo de Cushing, há alta probabilidade de morte em segundos a minutos, denotando assim cuidados imediatos.

Fontes

Wikipedia / Harvey Cushing
Wikipedia / Cushing’s Disease
Wikipedia / Cushing Reflex
Manual MSD
Yale School of Medicine
National Center for Biotechnology Information
Brainbook
Cérebro & Mente
Healio